terça-feira, 21 de julho de 2009

Freaks na terra da Poça

Apesar do fracasso do post anterior, eu sou brasileiro e não desisto nunca.
Por isso resolvi animar meu blog com uma historinha.
Acho que não vai ficar muito boa. Apesar de gostar, e ter boas idéias, eu não acho que escreva fantasia muito bem =(

Capítulo 1: A Chegada (Parte 1)

Já é quase madrugada e tudo é silêncio na noite de Santa Rosa, um bairro pacato e quase que totalmente residencial de Niterói, que anos depois seria pejorativamente denominada a cidade dormitório.

Em Icaraí, alguns bêbados tomam a saideira nos bares. Em São Francisco, alguns jovens fumam maconha ao som de Pink Floyd, e em alguma casa de Piratininga, uma festa acabou de começar. Mas em Santa Rosa tudo é silêncio...até que um estrondo corta o marasmo das trevas e acorda uma família e seus vizinhos. Berílio da Costa é o homem da casa, e é como tal que ele se levanta da cama sob os pedidos de cuidado da mulher, veste calças, e tranqüiliza o filho mais velho logo após descer as escadas. O barulho veio do jardim, mas tudo que ele encontra ao chegar lá, é um buraco no piso de cimento da entrada da garagem e um rastro de migalhas de cimento e terra (levantada de sob o piso quebrado) levando direto para dentro da garagem. Ele volta para casa para tranqüilizar sua família e encontra a filha mais nova chorando nos braços do irmão.

- Ah, princesa! Venha cá. Não chora, não. Não há motivo pra chorar. - diz o pai, carinhosamente.

- Pa-pai – balbucia a garotinha, de apenas quatro anos, entre soluços – é um bandido pra nos rou-roubar? - pergunta, enquanto esfrega os olhos vermelhos e marejados.

- Não há bandido nenhum princesa. - e virando para o mais velho – leva ela pro quarto, Zacarias.

Subiu então as escadas logo atrás dos filhos, entrou em seu quarto e contou a esposa sobre o que vira.

- Eu vou chamar a polícia.

- Que polícia o quê, Marília? Não precisa de polícia. Devem ser só aqueles garotos da vizinhança. Devem ter jogado uma bomba, dessas que se fabrica em casa, por cima do muro.

- Ah, é? E o rastro que vai até a garagem, hein? Vai dizer que algum garoto da vizinhança resolveu não só jogar uma bombinha no nosso jardim, mas também resolveu ficar pra receber o castigo? - indagou ela em tom de triunfo, pela argumentação irrefutável.

- Ok. Eu vou lá olhar o que é. E vou levar o trabuco. - E dizendo isso, abriu uma gaveta de cuecas, remexeu-as por alguns segundos e tirou de lá um velho trinta e oito, enquanto sua mulher tagarelava de camisola e touca, sentada na cama.

- Tem certeza Bê? - (Uhum) E Berílio abriu uma caixa com balas – Não acha melhor eu chamar a polícia? - (Pra eles me pegarem com a arma?) Colocou todas as seis. Uma a uma. - Então deixa esse trabuco aí! - (Já disse que resolvo!) fechou o tambor, beijou a mulher e desceu as escadas deixando-a balbuciando desolada, ainda de camisola e touca.

Berílio desceu novamente e se dirigiu a garagem, confiante e de trabuco na mão. Nenhuma necessidade de abrir a porta: estava quebrada e permanecia aberta o dia inteiro. Ligou a pequena lâmpada , pelo interruptor que ficava na entrada . A bagunça de tábuas, ferramentas, brinquedos, tinta, pincéis e o Brasília comprado no ano anterior foram iluminados por uma luz amarelada e no fundo da garagem um gemido baixo e agudo vez-se ouvir. Berílio contraiu os lábios finos e caminhou pelo espaço estreito entre o carro e a parede com a arma levantada à altura da barriga.

- Quem tá aí? Diz logo. - nenhuma resposta. O homem começa a ficar preocupado. Puxa o cão do revólver – Olha que eu tô armado. Diz logo quem é! - mais um gemido. A voz parece infantil e aterrorizada. Estaria ele certo, afinal, com aquela história absurda sobre as crianças da vizinhança? Berílio caminhou mais rápido, pulando brinquedos espalhados pelo chão, fazendo barulho. Virou a direita, se escorando na porta do porta-malas e então viu.

domingo, 19 de julho de 2009

Harry Potter sem Enigma do Príncipe


Depois de mais de um mês sem escrever nada no meu blog, eu estou de volta. Após os projetos cansativos, as provas monótonas e a preguiça da primeira semana de férias, eu finalmente tenho tempo e vontade de colocar alguma coisa aqui. Já a alguns dias eu pensava em escrever no blog, mas pensava “O que raios eu vou escrever?”
Eis que nesta sexta-feira surge um assunto: o novo filme da série campeã de bilheteria, Harry Potter e o Enigma do Príncipe Mestiço.

AVISO: Se você gostou do filme
e não está sujeito a receber opiniões negativas sobre o mesmo
pare de ler esse post AGORA

Para começar a criticar o filme, eu tenho que começar citando o fato de que cada vez mais detalhes e cenas do enredo são cortados, atropelados, ignorados ou substituídos (aparentemente Harry Potter upou um nível de ladino, porque ele resolveu parar de usar a capa da invisibilidade e confiar só nos testes de furtividade normais). Mais a frente, eu vou falar sobre uma parte do livro em especial, cuja falta no filme me irritou profundamente.
E mais: dessa vez não há a desculpa de todos as adaptações de livro ("se colocasse tudo que tem no livro, ficaria grande demais") porque o maravilhoso diretor David Yates resolveu criar uma cena totalmente inventada pela sua cabecinha, em que a Toca é incendiada e a família Weasley os convidados deles são atacados por Belatriz Lestrange e Fenrir Lobo Greyback (que, para variar, chegam à casa voando sem vassouras ¬¬)

Há um outro fato interessante na cena inventada que nos faz analisar a inconsistência da habilidade de luta de Potter nos filmes: ao atacar Greyback, o lobisomem defende o feitiço com um gesto artístico e displicente. Agora vejamos, só no sexto filme Harry é ownado em combate por Snape (coisa que também acontece no livro), por Belatriz (que mesmo sendo superior a ele, em combate, no livro, não é tão melhor quanto mostra o filme) e por Greyback!! Até onde eu sei Greyback não é nenhum prodígio com magia, e se o Harry não consegue derrotar nem um bruxo medíocre (ainda que lobisomem, ele continua sendo um bruxo medíocre), como o diretor pensa em fazer o Harry das telonas derrotar O Lord Voldemort?

Mas sem dúvidas, o que mais irrita no filme são as incoerências do final. Pra começar, a saída de Harry e Dumbledore até a gruta em Tom Riddle amedrontou duas criancinhas. Harry e o diretor aparatam da torre de astronomia para a gruta e...espera! Aparatam? SIIM! Eles APARATAM!
O filhodaputa diretor não estava contente em quebrar só uma das regras mais importantes das histórias de HP (bruxos voando sem objetos encantados para voar). Nããão...ele tinha que quebrar DUAS regras muito importantes. E a segunda tinha de ser justamente uma regra sem exceções. Mandou bem!
A segunda incoerência que é gritante, diz respeito a descaractterização do personagem principal. Como é que Harryomeninoeleitoqueémuitocorajosoenãoconsegueficarsemsalvarosoutros vai ver Dumbledore morrer bem na sua frente e não vai fazer nada?

Aham Cláudia! Senta lá...


Pra fechar com chave de ouro, o diretor conseguiu criar uma das mortes mais incoerentes de toda a história do cinema d fantasia, destruir o final do filme, e perder milhões de dólares em bilheteria ao deixar de fazer uma das melhores cenas de Harry Potter até então. Imaginem a situação: há um ano, o mundo bruxo descobre que Voldemort está vivo. A escola de Hogwarts, ambição de vida de Voldemort, que abriga alguns dos seus piores inimigos, está completamente protegida por feitiços, vigilância redobrada, detectores e aurores percorrendo os terrenos do castelo. Numa noite, o diretor é morto.
Agora, qual é a lógica que explica que meia dúzia de comensais da morte saiam ilesos, sem nenhum distúrbio e ainda por cima destruindo tudo no caminho, de um castelo cheio de professores, aurores e estudantes que são inimigos desses comensais? Em que parte do universo, há um mundo em q eu esta situação pode ser logicamente explicada? E por que raios o maldito diretor não colocou uma cena foda de batalha no filme que faria com que as pessoas apreciassem muito mais o final do filme, do que aquela coisa confusa, corrida, monótona e deprimente?

Sem me ater a mais detalhes, o filme de Harry Potter e o Enigma do Príncipe foi um erro. Entregar a direção a David Yates, no 5º filme (quando bruxos começaram a voar) foi um erro.
Há partes boas sim. A fotografia estava incrível, os efeitos, como sempre maravilhosos e as cenas das memórias de Tom Riddle foram realmente muito bem dirigidas. E se algum ator foi realmente mal, seus erros foram ofuscados por atuações como a de Helena Bonham Carter e Rupert Grint.
Mas infelizmente uma boa adaptação não é feita só de boa imagem e boa atuação. Falta um roteiro que faça jus a história original.
E falta alguém competente pra administrar esse roteiro.

Poor thing